Histórias de Adoção

Marina Mello, dois filhos, publicitária, paulistana. É daquelas pessoas que acha que pra ser da família, tem de gostar de cães.  Não gosta, não entra. “Herdei essa paixão do meu pai, que também me ensinou a gostar de jazz e de mar.” Na casa dos pais, sempre havia cães, todos de raça, com pedigree e tudo. Ela mudou essa regra.

Marina tem três cachorros, todos adotados, todos autênticos vira-latas: Caqui, Neka e Lalá. Caqui foi o primeiro. “Desde criança tive cachorros, sempre de raça. Até o dia em que saí para comprar um rottweiler e, ao passar do lado de um box de cães para adoção numa loja, olhei e vi um vira lata clarinho, todo peludo, que mais parecia um escovão. “ Era o Caqui, amor à primeira vista. Amor correspondido. Caqui foi pra casa de Marina, e virou o príncipe do lar, o rei do pedaço.

Depois do príncipe, uma princesa: Neka, resgatada em um evento de adoção às margens da rodovia Raposo Tavares. Neka tem o pelo preto e é dócil, a mais dócil da casa. Quando chegou, a cachorrinha não saia de baixo do sofá. Ficava lá, tensa. Mais tarde, Marina descobriu porque: Neka e os irmão tinham sido enterrados vivos.

Mais tarde, veio Lalá. parecida com Caqui, mas brava, intensa, a chefe da matilha. Marina a encontrou em uma loja de animais, dentro de uma mochila, “largada” pra ser adotada.  “O olhar da Lalá no dia em que foi abandonada cortou meu coração. Com certeza, foi maltratada por alguém, mas comigo é puro deleite.” Quando a dona chega em casa, lá vai Lalá abanando o rabo, intensa, apaixonada. 

Para Marina, adotar vira-latas é uma espécie de manifesto, de respeito à diversidade, à variedade, à diferença. Um ato de amor, permanente e mútuo.